segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A História do metal brasileiro em uma noite.

O sábado carioca, véspera das eleições municipais, trazia a cidade duas boas opções para serem conferidas: Evanescence, no HSBC Arena, e o encontro das bandas Centurias, Salário Mínimo, Metalmorphose e Stress, na Lona Cultural de Realengo. Na tive dúvida, preferi presenciar a história do metal nacional. Cheguei a Lona Cultural de Realengo quase as 22 h achando que poderia um pouco atrasado, visto que o evento estava previsto para ter início as 21 h. 
Para minha sorte o evento ainda não havia começado, dando tempo para entrar com calma e conferir o ambiente. Ao entrar já percebi a venda de produtos das bandas que estariam se apresentando e também do grupo Bruxa Argaica. Uma boa oportunidade de adquirir alguns cds e trazer material "novo" para casa. Por volta das 22:20 o grupo Centurias sobe ao palco com: Nilton Zanelli (vocal), Julio Príncipe (batera), Ricardo Ravache (baixo) e Roger Vilaplana (guitarra), para um público muito reduzido, algo em torno de 100 pessoas. A banda começa sua apresentação trazendo a faixa: "Guerra e Paz", do álbum Ninja lançado em 1986. Mesmo passado quase 30 anos, é impressionante com a música tem força e sua releitura após tanto tempo, se assim posso dizer, deixou ela mais pesada. Apesar da Lona  de Realengo apresentar uma boa estrutura, houve quase ou nenhuma produção de iluminação e posição das caixas de som. Essa falta de produção na minha opinião prejudicou um pouco o começo do show do Centurias. 
A noite continua com as faixas: "Animal" e "Não pense, não fale", nessa última a guitarra de Roger ficou ligeiramente mais baixa, mas não prejudicou o solo do bom guitarrista. Depois das três músicas iniciais o público começa a melhorar e algo em torno de 150 pessoas conseguem desfrutar das faixas: "Senhores da Razão", do álbum Ninja, e a mais recente "Inúteis palavras" que mostra uma mudança razoável no estilo da banda. Apesar da pouca produção, a banda mostrou como se faz um metal de qualidade e toca mais duas do álbum Ninja: "Ninja" e "Fortes olhos". Um detalhe importante é que não dá para deixar de falar da potencia vocal de Nilton, que passava por cada faixa com muita competência. 
Aliás, a "cozinha" do Centurias continua perfeita com o bom entrosamento entre Julio e Ricardo. O show vai chegando ao seu final e a banda executa: "Cidade perdida" e "Arde como fogo", essa última cantada a plenos pulmões pelo público. Sensacional. Para finalizar a banda traz "Duas rodas" e "Portas negras", lembrando a coletânea S.P. Metal lançada em 1984, e finalmente "Metal Comando". Um bom show para dar o clima da noite e para mostrar que o Centurias ainda tem muita lenha para queimar. 
Setlist Centurias:
01. Guerra e Paz
02. Animal
03. Não pense, não fale
04. Senhores da Razão
05. Inúteis palavras
06. Ninja
07. Fortes olhos
08. Cidade perdida
09. Arde como fogo
10. Duas rodas
11. Portas negras
12. Metal comando

Depois de um pequeno intervalo para trocas e ajustes de equipamentos é a vez do grupo Salário Mínimo subir ao palco da Lona. A banda atualmente formada por: China Lee (vocal), Daniel Beretta e Júnior Muzilli (Guitarra), Diego Lessa (baixo) e Marcelo Campos (bateria), começa seu show já encontrando um público um pouco maior que o Centurias. Não vou negar que estava com certa expectativa de ver ao banda ao vivo, muito em função do excelente álbum "Simplesmente Rock", lançado em 2010. O show começa com o novo e o clássico, a primeira é excelente "Eu não quero querer mais", seguida do clássico " Beijo fatal". 
Essa duas faixas mostram que a banda está bem afiada e não é atoa que foi escolhida para abrir shows de grupos como: Twisted Sister, U.D.O. e Scorpions. As duas músicas seguintes "Anjos da escuridão" e "Doce vingança", do álbum "Beijo Fatal" de 87, mostram que apesar do tempo elas são bem atuais. Isso ocorreu muito em função dos guitarristas Daniel e Júnior mostrarem muito entrosamento no palco, além de darem mais peso as duas músicas. Em relação a formação da banda, não são apenas os guitarristas que se destacam, China além de saber conduzir o público, tem boa imposição vocal, Marcelo caiu como uma luva na banda e trabalha bem as baquetas e Diego parece estar ligado em 220 V, correndo de uma lado para o outro no palco. Antes da quinta da noite, China diz ter virado evangélico e começa uma "oração" onde pede para ser livre do Forró, do Sertanejo, do Funk e pediu para para que as mulheres desse país fossem protegidas, é claro que o público gostou. Depois dessa súplica é finalmente executada a faixa "Dama da noite", seguida do petardo "Sofrer" e que está presente no novo álbum. A noite continua com as faixas "Anjo", uma quase balada, e "Noite de rock". 
Com a apresentação da banda chegando ao seu final, são trazidas as faixas: "Delírio estelar", que foi regravada para o mais recente trabalho da banda e que foi gravada originalmente para o álbum S.P. Metal, "Jogos de guerra" e "Cabeça Metal". A banda mostrou uma competência construída com toda bagagem dos integrantes mais experientes e atitude dos mais jovens. Não é atoa que o Salário tem sido chamado para participar do show de abertura de tantas bandas importantes que tem passado pelo Brasil.
Setlist Salário Mínimo:
01. Eu não quero querer mais
02. Beijo fatal
03. Anjos da escuridão
04. Doce vingança
05. Dama da noite
06. Sofrer
07. Anjo
08. Noite de rock
09. Delírio estelar
10. Jogos de guerra
11. Cabeça metal

Depois de mais um intervalo é a vez do grupo carioca Metalmorphose subir ao palco com: Tavinho Godoy (vocal), PP Cavalcante e Leon Manssur (guitarras), André Delacroix (bateria) e André Bighinzoli (baixo). A banda que lançou esse ano o álbum "Máquina dos Sentidos" tinha uma missão um tanto ingrata, fazer uma apresentação melhor que do grupo Salário Mínimo. 
A apresentação começa com a música "Luta", presente no álbum Maldição de 2009, seguida de faixa "Jamais Desista", dedicada a Roosevelt Bala, e que abre o novo álbum. Apesar da grande qualidade da banda, senti os músicos com pouca movimentação. Não sei se o horário de subida ao palco atrapalhou o gás da banda, pois já passavam de 1:30 da manhã, mas achei os músicos quase parados. Se não havia muita movimentação a qualidade não foi comprometida e isso ficou claro com nas faixas: "Metrópole", "Maldição", que mostra a boa voz de Tavinho, e "Máscara". Essa última, presente no novo álbum, e que foi executada de forma perfeita. 
Se até a quinta música os recentes trabalho ganharam mais atenção, chegava o momento de executar "Desejo imortal", presente no split "Ultimatum" e que foi lançado em 1984 com o grupo Dorsal Atlântica. Aliás essa faixa recebeu uma batida furiosa de André. Um detalhe sobre o baterista é que ele parece querer destruir seu instrumento, tal a violência com que usa as baquetas. A banda volta ao novo trabalho com as duas boas músicas "Passados incompletos" e "Livres para sonhar". A noite de apresentação do Metalmorphose termina com as música "Minha Droga é o Metal", excelente faixa do álbum Maldição e que foi cantada por todos os presentes, e  "Cavaleiro negro", do álbum "Ultimatum".      
                         
Setlist Metalmorphose:
01. Luta
02. Jamais Desista
03. Metrópole
04. Maldição
05. Máscara
06. Desejo imortal
07. Passados incompletos
08. Livres para sonhar
09. Minha droga é o metal
10. Cavaleiro negro

A banda mais esperada da noite subiu ao palco depois das 2:30 da madrugada de sábado para domingo formada por: Roosevelt Bala (vocal/baixo), Paulo Gui (guitarra) e André Chamon (bateria), para um público que não arredou pé da Lona. Apesar de alguns problemas de ajustes no som, a apresentação do grupo começa com a faixa "Sodoma e Gomorra" um verdadeiro petardo. É muito legal poder ver e ouvir um dos ícones do metal brasileiro, executando uma música que agitou bastante minha cabeça nos anos 80.
Apesar do avançado horário o público se mostrava bastante receptivo com a banda, cantando as faixas do início ao fim. Apesar dos 30 anos de carreira o Stress continua muito competente e cheio de energia em cima do palco, Bala está mandando muito bem nos vocais, apesar de não atingir os agudos de outros tempos, e mantendo o controle nas cordas do baixo, André se mantém seguro nas baquetas, mantendo a pegada forte nas baquetas, e Paulo arrasou em cada levada na guitarra. Sobre o guitarrista vou destacar não apenas a sua seguranças nas músicas, mas principalmente os solos que foram impecáveis. Me atrevo a dizer que se ele estivesse em qualquer banda estrangeira muita gente estaria aclamando seu trabalho. Precisamos valorizar mais os músicos brasileiros, esse cara é um baita guitarrista. A apresentação da banda passou por faixas como: "Heavy Metal", "Não Desista", "Mate o Réu", "Flor Atômica", todas do álbum Flor Atômica e que foi lançado em 1985, e posso dizer com certeza que são músicas fantásticas.
Quem nunca escutou deveria ouvir e entender o que estou dizendo, mesmo por que elas fazem parte da rica história do heavy metal brasileiro. A banda também passou pelas faixas mais recentes "Coração de Metal", "Brasil Heavy Metal" e a inédita "Heavy Metal é a Lei", mostrando que apesar do tempo a banda ainda é capaz de fazer sons atuais e "matadores". Com certeza uma noite de celebração do metal nacional e tomara que o encontro possa ser repetido. Torço que de uma próxima vez o público possa ser um pouco maior.



Setlist Stress:
Em breve.

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