Mangue do Rock: Apoteose e problemas técnicos.

O sábado 13/10 prometia ser bem especial para os fãs do grupo Marillion, afinal a banda retornava a cidade quinze anos após sua última apresentação por aqui. O show marcado para o Vivo Rio fazia parte da turnê de divulgação do mais recente trabalho de estúdio da banda, intitulado "Sounds That Can't Be Made". Cheguei ao Vivo Rio duas horas antes do início do show, muito com o objetivo de ver a movimentação e comprar algum material da banda. Tive duas surpresas, uma ruim e outra boa. A ruim, é que diferente dos outros países da América do Sul visitados durante essa turnê, não haveria venda de CDs ou DVDs da banda.

A boa notícia tive ao presenciar o show de abertura da noite realizado pelo grupo Anxtron, formado pelos irmãos Eduardo Marcolino (guitarra) e Rafael Marcolino (bateria), Gabriel Aquino (teclados) e GG Souza (baixo). O grupo subiu ao palco por volta das 21 h e fiquei na expectativa qual seria o som a ser apresentado. Apesar de fazer um set curto, com aproximadamente 30 min, foi possível para os músicos mostrar um progressivo instrumental de excelente qualidade. Em certos momentos consegui perceber influências de Camel, Dream Theater e Rush, fazendo uma mistura muito boa. Pela reação do público presente, tenho certeza que não fui o único a gostar do show.

Setlist Anxtron:

01. 1037

02. Ant Attack

03. Skyscraper

04 Anoitecendo no Deserto/The Oasis

05. Polvo/Opa Rapaz

Após o bom show de abertura sobe ao palco, pontualmente as 22 h, a grande atração da noite com a faixa "Splintering Heart", do bom álbum Holidays in Eden de 1991, seguida da excelente "Slainthe Mhath". Um detalhe sobre essa faixa, gravada na época do Fish, foi o prazer demonstrado por Hogarth ao cantá-la e como ela levantou o público, de um pouco mais mil pessoas. Depois das duas primeiras músicas o vocalista pede desculpas pela demora em voltar ao Brasil. A noite continua com as músicas "You’re Gone", do álbum Marbles, e a faixa que dá nome ao novo trabalho de estúdio "Sounds That Can't Be Made". Nessas músicas iniciais já percebi que o som não apresentava uma boa equalização, com a voz de Hogarth muito alta enquanto o baixo de Pete Trewavas e principalmente o teclado Mark Kelly pouco perceptíveis.

Mesmo com os problemas técnicos a banda fazia um show bastante empolgante, e ficou melhor com as músicas "Beautiful", que emocionou muitas pessoas no Vivo Rio, "Power" e "Fantastic Place". As duas primeiras músicas me fizeram pensar que com um pouco mais de mídia o Marillion colocaria muitos grupos no chinelo, mas infelizmente eles não são os queridinhos do momento. Vou voltar a falar do show, pois o que era bom, mesmo com os problemas, começou a ficar melhor depois da execução de "Kayleigh". A banda se preparava para tocar alguma música, mas o público começa a cantar "Lavender", fazendo com que a banda acompanhe o público. Simplesmente fantástico. Esse momento precedeu a retirada da música "The Sky Above The Rain", que não foi executada por uma pane no baixo de Pete e no teclado de Mark. Como já assisti a outros eventos no Vivo Rio achei estranho o que ocorreu, pois nunca havia presenciado problemas com equalização ou mesmo com o som de forma geral.

Mesmo com todos os problemas, antes do bis a banda executa: "The Great Escape", a ótima "Afraid Of Sunlight", para terminar com "Neverland". Um ponto importante é que apesar do tempo a banda se reiventou e ficou melhor. Desculpem as viúvas de Fish, mas Hogarth deu ao mundo um "novo" Marillion. O bis começa com a faixa "The Invisible Man" trazendo Hogarth de óculos e bengala, mostrando que não é apenas Fish que sabe interpretar as músicas. De arrepiar! A noite termina, depois de muitos pedidos do público, com a faixa "Easter", do álbum Season's End, e "Sugar Mice". Apesar de todos os problemas técnicos durante a noite considero a apresentação de sábado um dos shows mais emocionantes que passaram pelo Rio esse ano. Que o próximo show não demore 15 anos.